Audiência pública da Comissão de
Saúde e Meio Ambiente, na manhã de quarta-feira (3), em Porto Alegre, discutiu
as implicações do leite adulterado na saúde dos consumidores e formas de
combater as fraudes. Entre as sugestões anotadas pela proponente do debate,
deputada Silvana Covatti (PP), está a de criar uma lei que garanta que as
empresas fraudadoras sejam definitivamente banidas do mercado. Outros
encaminhamentos sugeridos foram a formalização de documento solicitando apoio
da Anvisa para intensificar a fiscalização da indústria e dos atravessadores, a
criação de políticas de incentivo aos produtores, a implementação de ações
para o cumprimento da Instrução Normativa 62 e a indicação do responsável
técnico na embalagem dos produtos. O presidente da Comissão de Saúde e
Meio Ambiente, deputado Adilson Troca (PSDB) disse que o órgão
técnico estará aberto a mais sugestões que lhes sejam encaminhadas nos próximos
dias.
Riscos do consumo de leite adulterado
Segundo a deputada, o Rio Grande do Sul responde
por 12% da produção leiteira nacional, com 4,19 bilhões de litros de leite ao
ano, e a fraude é ainda mais grave por se tratar de um produto consumido
diariamente por crianças, adultos e idosos.
O oncologista-chefe da Santa Casa
de Misericórdia de Porto Alegre, Rodolfo Radke, discorreu sobre a implicação do
formol no processo de cancerigenação. Segundo ele, trata-se de uma substância
muito antiga, listada pela OMS como cancerígena, mas não se sabe em que
quantidade e qual o tempo de exposição necessário para que cause dano. Observou
que os primeiros levantamentos sobre a adulteração com o produto são de 2010,
mas questionou há quanto tempo ela vem de fato ocorrendo. A preocupação maior,
segundo ele, é com as crianças, que deixam de receber nutrientes.
O especialista em desintoxicação
do Hospital Mãe de Deus Ricardo Nogueira aprofundou o tema, informando os
possíveis efeitos do formol para a saúde. Disse que a toxicidade do produto
depende da sua concentração e da forma como é administrado. Em determinada
quantidade, será detectado pelo cheiro, relatou. Em outra, poderá causar desde
dificuldade para respirar, até a morte, passando por problemas como lacrimação,
dor de cabeça, bronquite, pneumonia, laringite, edema pulmonar e outros. A
substância, segundo ele, também é relacionada a casos de leucemia e adenocarcinoma
nasal.
Falta de profissionais prejudica fiscalização
A veterinária Andrea Troller Pinto, do Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Leite e Derivados, Ovos e Mel da UFRGS, disse que o assunto era sério e exigia uma discussão mais racional e menos apaixonada. Observou que as fraudes sempre ocorreram e que o ser humano é muito criativo. Frisou que no caso do leite a adulteração ocorreu por adição de uréia e que o formol era parte desta.
A veterinária Andrea Troller Pinto, do Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Leite e Derivados, Ovos e Mel da UFRGS, disse que o assunto era sério e exigia uma discussão mais racional e menos apaixonada. Observou que as fraudes sempre ocorreram e que o ser humano é muito criativo. Frisou que no caso do leite a adulteração ocorreu por adição de uréia e que o formol era parte desta.
Maria Aparecida Oliveira de
Araújo, da Anvisa, disse que os profissionais do Estado são conhecidos pelo
pioneirismo e rigor e que o próprio fato de a fraude do leite ter sido
detectada aqui seria uma prova disso. A promotora de Justiça Marinês
Assmann defendeu o fortalecimento dos agentes de vigilância sanitária e a
integração dos órgãos. Em relação ao Termo de Ajustamento de Conduta, disse
que, embora não seja a solução perfeita, propiciou avanços. “Não podemos ser
padrão FIFA em tudo, temos que fazer o possível”, considerou.
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